Já me mudei diversas vezes durante toda minha vida, de casas, de cidades, de estados, tenho isso no meu sangue desde então, mas tenho alma de gato, sempre que chego num novo lugar demoro um bom tempo para me adaptar.
Sou muito curioso e fico com o olhar vagando por todos os ambientes novos, captando os detalhes, tentando entender qual é o sentimento que esse lugar me causa e algo que eu possa me apegar para começar a gostar.
É estranho admitir, mas eu gosto de mudar, mesmo que isso me cause imensas dores, eu gosto de sair, de arejar a mente, e mudar, levar comigo aquilo que ainda vale a pena, deixar coisas para trás, viajando mais leve.
Dói muito deixar pessoas para trás, a presença de cada uma delas deixa marcas nos lugares onde convivemos juntos, creio que só depois de anos que consigo voltar no tempo e sentir o gosto doce da nostalgia daqueles dias.
É como quando guardamos uma flor dentro de um livro e depois de 1 ano retiramos ela, agora já se apresenta seca e achatada, a parte viva é apenas a lembrança dentro de nós, do que ela foi, do cheiro que ela já exalou um dia e agora nossa mente é capaz de reproduzir.
Passado todo esse tempo, a lembrança não causa mais dor, mas nos lembra a cada momento, e é disso que nossas vidas são feitas, momentos, escolhas, pessoas, caminhos e lugares, sensações invisíveis...
Sofrer é parte disto tudo, pois se pudéssemos escolher, muitas vezes não largaríamos nada. Mas, então, ao chegar no fim da vida, e no momento que formos retirar aquela flor de dentro do livro, olharmos bem para ela e sentirmos que nós fomos aquela flor?
Ressecamos, guardados no escuro, sem sentimentos, aos poucos e confortavemente fomos encolhendo e perdendo o perfume, e ficamos assim, esquecidos de nós mesmo dentro de uma página estagnada da vida?
09 outubro, 2009
Tensão pré Mudança
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Um comentário:
As vezes me considero nômade de mim mesma, acabo deixando várias pessoas para trás, mas é como disse, elas se vão, as marcas ficam. E como boas cicatrizes, doem um pouco ainda.
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