10 outubro, 2009

Este post não é meu, O Lírio escreveu


Eu erro o passo
Você nem percebe
que me perco em
margueritas escaldantes
brumas muito recentes
e os olhos turvos
por pedirem perdão a todo instante
a santa que cruza as mãos
e dobra os joelhos
e cria calos
se balançando para frente e pra trás
o tráfico de emoções
ficou supremo
e preciso que me digam
o que sinto nesse instante
e agora?
e agora?
e agora?
não passa o momento de dizer adeus
não cobro hora, não digo nada
vc não vê, perdi mais um poema
ele escapou por entre dedos
as mãos em concha
segurando água

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as construções miravam
atônitas
passa alguém por elas
que se justifica?
é isso que murmuram uma
às outras.
Um prédio grande se curvou e me fitou nos olhos:
se vai dizer que não, é melhor que seja agora!
eu tremia. Toda a imponência do concreto
me deixando desarmada
eles espreitam
As fábricas
roncavam
a cada passo
o caminho é seguro, foi tudo o que eu
quis saber
vc era corrimão
eu era bolo
ou confeito
magro, magro
como os dias de janeiro
nasci no mês errado

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Vai!
se não quer nem me assombrar
vai e leve tudo.
Deixe uma caixa de areia
pra eu manter a dignidade de vez
em quando
lembrar que sou humana
que ninguém gosta de me ver chorar
que preciso trocar de roupa
alguns dias
que banhos e comidas
fazem parte da rotina
se não fica
eu não fico
deixo o resto como folha
deixo o corpo
como casca

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