24 agosto, 2008

As mudanças mais significativas de nosso tempo

Eu adoro contemplar a vida, não sei se as pessoas reparam nisso em mim, mas eu reparo em tudo nelas. Existem pessoas que nem me conhecem, que nunca olharam em minha face, mas que eu sei quem são, pois algum detalhe nelas me saltou aos olhos e foi suficiente para eu criar um certo vínculo.

E as pessoas mudam tanta coisa por bobagem, e tanta bobagem é mudada deixando para trás os detalhes mais importantes do mundo.

Dizem por aí que lutam pelo fim do preconceito de diversas classes...mas o que eu vejo é apenas luta por supremacia. As mulheres querem deixar de ser femininas para comandar mijando em pé. Será que não veem que o ideal seria os homens se tornarem mais sensíveis?

E os homossexuais ficando cada vez mais consumistas e banais com suas vidas e assuntos, enquanto deviam buscar as caracteriscas mais honradas das mulhers que eles dizem se inspirar?

São apenas alguns exemplos toscos, mas verdadeiros, que eu sinto ao olhar e reparar nas pessoas.

Outro dia lí, e hoje confirmei que mudaram mesmo, a ordem das letras na sigla GLBT(que antes era GLS) para LGBT...ou seja, naaaaaaaaaaada mudou na prática, na vida, na ordem dos fatos...apenas um L antes do G, porquer as lesbicas dizem sofrer mais preconceito, pois são mulheres e gays ao mesmo tempo.

Horas, vamos colocar no podium entao o cego que é surdo, que tambem é gay e paralitico, que gagueja um pouco, que é gordo e tímido com as pessoas, que tem canela fina demais e o cabelo tão ruim que não merecia nem ser cabelo de suvaco. Este é o ser que merece comando o mundo e ter tudo de bandeja nas mãos.

Não, não estou sendo cruel...eu sei que todos somos ruins de verdade! Somos todos humanos em qualquer momento da vida, e tudo que precisamos é sentir que alguem é mais fragil que podemos dominar.

A resposta é a harmonia, o respeito e a educação. Observar o espaço da pessoa e saber quando invadem o seu. De que adiante essa luta em nome de todos se todos estão lutando contra todos. è uma guerra sem fim.

22 junho, 2008

bestas do mundo contemporaneo

Estava eu matutando sobre trabalhar em casa ou ser obrigado a deixar o lar todo "santo" dia pela manhã. Para muitas pessoas pode parecer óbvio que o trabalho no lar seria uma recompensa avassaladora pro resto de suas vidas.

Mas eu já experimentei e posso dizer, não é bem assim e tudo depende meu filho, depende de nós, de como somos e como seremos.

Claro que ao sair de manhã nos deparamos com o tempo. Sol demais? Frio demais? Chuva na cabeça, pés ensopados ao longo do dia? E no transporte coletivo? A que maravilha de contato humano somos obrigados a exercitar.

Mas eis que surge a palavra mágica que me fez escolher sabiamente entre sair ou ficar.

EXERCITAR!!!!

Afinal tudo na vida melhora com exercícios, nossas contas matemágicas, nossos músculos que ao poucos insistem em definhar, nossas mentes maravilhosas que não podem parar de criar.

O simples fato de ter que sair do lar pela manhã e só retornar de noite nos faz exercitar e lutar, enfrentamos as mais terriveis bestas hostis do mundo:

  • Aqueles que te encaram feio, loucos, dementes, que te acham estranho sem saber o quanto são bizarros.
  • Aqueles que querem passar através de ti, que se acham donos de todo o espaço do mundo que os cerca, mais ou menos uns 10km de diametro ao redor.
  • Aqueles seus colegas do dia a dia que insistem por um bom dia generoso de sua parte ao chegar de manhã no ambiente de trabalho com a cara inchada de sono. Sinto as rugas me segurando as bochechas.
  • Aqueles que querem falar durante todo o almoço do seu lado equanto sua fome desespera seu cérebro.
  • Aqueles chefes malucos que surtam com 10 min de atraso.
  • Aqueles todos do mundo todo que estão por aqui e alí um passo atras ou outro a frente de ti.
Bom, tudo isso me faz exercitar e pensar na vida sim. Dentro de casa eu estava a salvo e apenas ignorava a presença de outros seres deste belo planeta. Agora nas ruas eu vivo, e tenho que sobreviver com a ausencia da malandragem que me foi concebida. Ou seja, exercicios, se uma pessoa é assim e eu sou assado, então como fazer uma boa mistura e conseguir um bom caldo?

Eu preciso delas, inevitavel certeza, elas vão precisar de mim, uma hora ou outra, outra certeza sem escapatória.

Cada um no seu passo, e eu vou pulando pra lá e pra cá buscando dentre muitas teorias e lógicas meu espaço, aquele lugar que a maioria nao enxergou ainda. Lembrando que sempre fui generoso demais quando eu via o brilho do diamante, mas deixava o outro tomar a frente para pega-lo e ser glorificado, minha audaz insegurança.

Lembrando também William Blake: "O ignorante não a mesma arvore que o sábio."

Sentado no lar eu poderia crescer no meu mundo, o que me faria bem de certo modo, mas inoperante diante a realidade gigantesca de tudo, e mesmo assim eu seria apenas delirio e medo de sair por aí. Tudo bem que o google vem aperfeiçoando cada vez mais suas ferramentas de vouyerismos virtuais.

Mas nada se compara em sentir na pele o sol, sentir os pelos molhados de suor irem secando, o cabelo molhado pela chuva repentina, ou o "suave" toque dos ombros "amigos" pelas calçadas.

Tem muita poesia pelas ruas, ainda mais se voce souber colocar a trilha sonora perfeita nos ouvidos e tapar um bocado da poluicao sonora que nos perturba.

Eu sei que a vida fora de casa é impiedosa, se escolhemo ir, temos que comparecer todos os dias, dar mais de nós do que iremos receber como salário, implorar por um pouco de tempo para resolvermos nossas vida fora deste horario que cedemos aos outros.

Tudo poderia ser harmonizado, mas ainda não achamos o ponto de equilibrio ou de fuga ou de ebulição que nos fará mudar repentinamente em nossas crueis rotinas.

07 junho, 2008

vasculhando cantos

Acordei sonhando, continuei no sonho, mas agora pensando, não foi a mesma coisa, o que era natural, macio, como mergulhar as mãos em aguá corrente virou sólido demais e o meu cérebro parou de funcionar com naturalidade, abri os olhos e com aquela baita preguiça resolvi não me esforçar mais. Resolvi encarar o dia nascente, sol la fora e agora outra luta, sair ou não sair?

Do mesmo jeito que sair do sonho foi um baque, sair de casa também poderia ser, pois teria de lidar com as pessoas reais. No meu sonho eu fazia tudo com clareza, realizava, porem nada era real, tentei trazer isto para meus pensamentos ao acordar, quase impossível, preferi guardar dentro de mim a certeza de que sou capaz, porem resolvendo tudo com muito mais afinco do que o necessário enquanto na fase sonho.

Mas sair de casa? será que vou encarar? O sol está convidativo, o clima frio(para o brasil) com este sol que agrada os ossos é algo que me faz querer tomar um banho e secar a pele lá fora no vento. Caminhar sob o minhocão e suas lojas baratas, sebos, moveis antigos, me faz querer trazer algo para dentro de casa e observar.

Ouço umas musicas que normalmente não ouviria para me sentir mais próximo de certos tipos estranhos que digamos, lembro mais deles em filme do que das ruas da minha cidade.

Bom, a fome por comida me obriga a ingerir algo, ela pode me aquietar, mas espero sair, me levantar, mover músculos e mentes, para que, quem sabe, eu exercite me o suficiente para voltar a sonhar bem todas as noites e acordar bem ao lado de quem eu já tenho, e bem quero todos os dias.

12 abril, 2008

um novo dia, nossos corpos falam, mesmo enquanto as bocas permanecem caladas

Sentado numa cadeira qualquer, assim como meus músculos mostram fraqueza para se levantar e buscar agua na cozinha, meu cérebro rejeita a idéia de se levantar e buscar aquilo que se deseja. Ao invés disso ele prefere analisar o caminho a percorrer e tentar trazer a montanha até aqui. A idéia de fato é que o esforço gasto indo até nossos desejos pode ser evitado, pois uma hora algo vai acontecer, e esse algo pode se transformar naquilo que queremos, então a espera perdura.

O que nunca prevemos é que o fato de nos movermos em direção a algo significa que estamos realmente mudando o mundo que nos cerca, algo como a teoria do caos talvez, o movimento empurra algo que passa adiante e a inércia está quebrada. Só o fato de nos levantarmos da cadeira naquele momento que o cérebro identifica sede,por exemplo, e nos movermos até a cozinha gera uma mudança no ambiente, primeiro de tudo a cadeira pode ser deslocada, e ao redor todo o ar que nos cerca se move, uma poeira pode alçar vôo, o gato percebe a movimentação e se espreguiça, mais ar é deslocado, então o gato pede carinho, isso gera mais movimento em nosso corpo quando nos movemos em sua direção com a mão aberta alisando a cabecinha peluda do bixano. Os joelhos, que já haviam obtido um estralo ao se desdobrarem no ato de se levantar, músculos ficam rijos, finalmente acordando. Aquela ponta de disposição surge ao se olhar pela janela e nossa mente cria uma fagulha como que um carro dando partida, e o por um segundo o mundo que estava restrito a estas paredes sem cor toma uma proporção infinita, pois lá fora tudo muda todo dia, e o limite parece ser inexistente quando não damos atenção aos nosso irrisórios medos.

O primeiro passo é o mais complicado, promover a quebra da apatia, da resistência criada por décadas sem agressão. Mas uma vez lá fora percebemos que até o ar que respiramos é diferente, ele está sempre em movimento, de certo modo nos impulsiona, nos torna potentes, os olhos tão curiosos querem ver quantos carros irão passar antes de atravessarmos uma rua, quantas pessoas perdidas estão a se mover. Todas parecem seguir seus trilhos invisíveis, parecem sempre saber onde estão indo, e mesmo assim eu as julgo perdidas, e sempre tem pressa por chegar em algum lugar, o qual vão sentar e estagnar. Assim eu vou vagueando por todas essas passarelas da vida cotidiana. Todo o peso do mundo saiu das minhas costas, esqueci que preciso fazer algo, porque não tenho realmente nada a fazer, desde os instintos básicos como comer ou dormir, até o fato de raciocinar estão lá atrás tentando me alcançar e eu dando uma canseira neles, pois agora estou vendo tudo por cima, tentando me situar nessa confusão que é o mundo.

De fato, sinto que ninguém pode me acompanhar nesta marcha, me sinto sozinho, e ao mesmo tempo algo conversa comigo em meus pensamentos e vou respondendo. Nesse momento em que me livro de todas as cargas que carrego no dia-a-dia é inevitável que a marcha seja solitária, pois com mais alguém eu estaria tentando adivinhar as preocupações e necessidades de outrem, isso poderia quebrar o feitiço que criei para levitar.

Entretanto meu maior desejo é compartilhar isso com você, não pense que não carrego sua imagem dentro de mim. Ela, sua imagem, me acompanha, claro que do meu jeito, pois só assim ela existe de verdade. Mas quanto ao meu desejo, talvez seja algo impossível no mundo enquanto estamos acordados. Na leveza dos sonhos tudo acontece mesmo sem palavras, creio que tudo possa ser realizado. Mas enquanto somos carregados por nossos corpos parece me quase impossível que as vontades e necessidades sejam idênticas ao longo desta marcha que pratico buscando elevar me sobre a vida que vivemos, buscando entender por que diabos fazemos tanta merda, seja esperando algo acontecer, seja nos direcionando por razões tão egoístas quanto nossos olhos podem desconhecer.

O que eu busco é instalar essa habilidade em mim, olhar em volta, reunir os pequenos afazeres do dia-a-dia, somar aquelas vontades mais primais e criar uma rotina mais humana do que esta que julgo sintética que as pessoas em geral usam, compram, gastam, vivem. Não existe criação, mesmo que mental, sem movimento do corpo, vire os olhos, busque aquilo que ninguém percebeu, mova suas pernas até a outra janela, tome algo que faça seu corpo despertar, algo gelado para mudar a temperatura, faça seus poros exalarem seu cheiro, e assim atraia novos semelhantes para esse confronto de idéias.

Mesmo que nada seja concretizado, pelo menos o marasmo que nos cerca começa a se afugentar, pelo menos uma fagulha pode brilhar e a partida desse motor pode estar próxima de realmente acontecer, e gerar o movimento em busca de um posto na esquina prestes a completar o tanque do raciocínio desvairado e alimentar a busca inconsciente que logo mais deve fazer sentido em nossas vidas.

14 março, 2008

Uma página do diário de IAN MACKAYE

Hoje vou sair com meus amigos do Metallica...to indo pro texas beber cerveja importada com o Lars e os caras! Como tenho inveja deles por terem acabado com o napster, queria poder estar neste processo, meu negocio eh grana. Boa chance de usar meu carro novo, e meus sapatos italianos de couro de bezerro.

Paciência que adotei esta estratégia de não ser vendido pelas majors. Só que ninguem sabe que eu distribuo cds da dischord para a sony e warner colocarem nas lojas a preços estratosféricos, claro que elas me repassam mta grana, afinal o mercado cult, cool, alternativo é tão grande quanto das bandas que frequentam a billboard.

Aposto que eles estão lá me esperando de X na mão...heheh... iremos usar o abatedouro do Hetfield, pois vamos derubar umas vitelas e assa-las em sua mega churrasqueira. To afim de falar com o Trujillo, esse cara sabe das coisa e nao pestanejou qdo recebeu o convite para
tocar no Metallica, porque vocês sabem, grana é indispensável!

Me da um baita alivio quando desço para o porão da Dischord, tiro a roupa de indie sujo que não se vende e relaxo na minha hidro-massagem. Logo depois disso pego meu carro bebedor alucinado de combustíveis (como eu mesmo sou) e parto em busca de novas emoções.

05 março, 2008

a grande, a melhor e a unica invenção

Crianças nunca aceitam a hora de dormir, nunca querem ir pra cama, parece ser o fim do mundo, ir dormir, a alegria do dia não pode acabar, o que será que amanhã está a me reservar?

Ah, que árdua tarefa devem ser por um, que dizer de mais de um ou muitos de tantos em suas camas, dizer para eles que a vida continua amanhã, que tudo pode ser recomeçado e que as idéias não podem se apagar. Mas acho que se apagam, as crianças crescem rápido, mudam seu modo de ser, mudam o foco do pensamento a cada dia. Um ano era praticamente uma vida quanto eu tinha pouca idade, sempre recordava do meu janeiro passado, e pensava comigo mesmo, quão tolo havia sido, esse ano sou outra pessoa, outro homem!

Depois de comer, de estar limpo para deitar, o pai caça a criança e tem que lhe convencer que a hora é agora, vamos deitar, isso, vamos deitar, mesmo que sirva só para o rebento essa frase, ela é entoada no plural.

Imagine as cobertas subindo até seu pescoço, a cama um tanto inclinada para fora, devido ao peso do adulto ali sentado junto, te olhando de cima, e talvez uma risada surja de seu rosto, você quer algo dele, ele sabe que não será fácil se desvencilhar desta vez, tanto como foi das outras, o dia todo quebrando a cabeça e agora é hora de convencer o filho a dormir, alimentar o garoto com alguma idéia, com algo que ele possa ocupar o pensamento até dormir, aquilo que vai cansar sua mente e leva-lo ao mundo dos sonhos.

Mas o progenitor resiste, na cabeça da criança aparece rejeição escrito, dito, falado, mas talvez o adulto esteja apenas travado ou focado em outro assunto pra ele mais importante que uma noite de sono.

Eu lembro do meu pai me pondo para dormir, era raro ele vir fazer isso, mas talvez por isso mesmo fosse especial para mim, e claro, eu sentia muita coisa neste momento, que só hoje em dia sou capaz de entender, na época eu só sentia, sentia, e queria ele por perto.

Lembro como se fosse hoje, ele vindo e falando sua tradicional fala: "Era uma vez, um macaco chinês...". Eu pedia uma história e já sabia que iria começar assim, e começava e nunca continuava, bem quase nunca. Na verdade, ele foi além uma única vez se bem me lembro.

Claro que não vou lembrar o causo todo que ele na hora inventou pra me contar ali, beirando minha cama, protegendo o meu ser que na época era mais reduzido que hoje em dia, heheheeh.

Mas foi brilhante, eu adorei cada palavra dita, tudo que ele falava fazia sentido para mim, poderia ficar horas e horas ouvindo aquilo, poderia até ser repetitivo, mas a voz dele me deixava bem naquele momento de transmissão.

O que eu questiono hoje em dia não é o quanto ele gostava de mim, mas o porque de muitas vezes estar distante e não se deixar levar, não falar tudo que tinha dentro dele. Eu tenho certeza que todo o peso que eu via ele carregar era por causa da família, para ele o foco era preciso, criar um ambiente seguro e estável.

Mas o que faltou mesmo, foi conversa, foi trocar de lugar, foi algum elogio das coisas simples que eu estava tentando construir, alguma direção e empurrão para o lado certo ou mesmo pro lado que eu estava pendendo, mesmo que eu fosse descobrir que estava errado logo mais.

Porque ele se guardou tanto da gente? Tantas coisas que ele sabia e eu não soube, seria timidez? Provavelmente, sendo que herdei isso, e só pode ter sido dele mesmo. Seria apenas cansaço do dia a dia duro que ele enfrentava? Juntemos essas 2 coisas, e muitas outras mais que cada um pode me dar...

Hoje eu lido comigo mesmo, penso por que não tentar, quero mostrar aquilo que tenho e sou, quero me aliar para brincar mais, tenho consciência, e me divirto.

Ainda sou filho, filho do mundo, de mim mesmo, já que não tenho mais meu pai desde os 17 anos. Me ponho em seu lugar, crio a idéia de como irei criar meu filho, e a resposta que me dou já foi escrita acima, com diversão e consciência, com criatividade, usando toda a energia da criança para manter meu lado mais precioso desenvolvido, minha mente, sempre em frente, criando as historias que vão embalar o sono do meu rebento e ao mesmo tempo, junto com seus olhos se fechando, e eu me embalando no nosso ambiente seguro que criamos unidos sob o mesmo teto que se estende pra fora de casa, onde quer que estejamos caminho, vou a pensar, no meu pai, no meu filho, sou eu, pai e filho, sempre.

29 fevereiro, 2008

Pra descansar os nervos

Pra descansar;
não mais forçar a mente
soltar os braços ao lado do corpo
não mais ter que lembrar do que se tem que fazer
nem mais ser um autômato do dia-a-dia.

Vontade de divagar com;
meu corpo cansado
meu intelecto rachado
minha alma inquieta
as mãos paranóicas
as pernas indecisas.

Procuro dentro de mim;
a casa que venho a morar
o lugar para restar
o dia de amanhã melhor chegar
a varanda para o mar
a paisagem se alargar.

Nesta casa terei tudo;
que preciso
que saberei usar
a vista pra nenhum lugar
causos para recordar.

O dias serão;
como eu sempre quis
como agora eu os imagino
agora eu os uso para acalmar
com ideias naturais
sem qualquer barril de polvora prestes a explodir.

22 fevereiro, 2008

Filme - Um estranho no ninho


Assista ao Trailer

Ficha Técnica

Título Original: One Flew Over the Cuckoo's Nest
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 133 min
Ano de Lançamento (EUA): 1975
Direção: Milos Forman
Roteiro: Bo Goldman e Lawrence Hauben, baseado no livro de Ken Kesey
Produção: Michael Douglas e Saul Zaentz


Elenco


Jack Nicholson (Randle Patrick McMurphy)
Louise Fletcher (Enfermeira Mildred Ratched)
William Redfield (Harding)
Michael Berryman (Ellis)
Peter Brocco (Coronel Matteson)
Dean R. Brooks (Dr. John Spivey)
Alonzo Brown (Miller)
Mwako Cumbuka (Warren)
Danny DeVito (Martini)
William Duell (Jim Sefelt)
Josip Elic (Bancini)
Christopher Lloyd (Taber)
Sydney Lassick (Charlie Cheswick)
Will Sampson (Chefe Bromden)
Scatman Crothers


Não quero contar sobre o filme, mesmo isso sendo inevitável ao discorrer sobre ele, apenas contar o que eu senti durante e após o término, ou seja, até hoje, quando fico a pensar.

Algumas pessoas desistem de ter o controle de suas vidas e se entregam aos cuidados alheios, outras querem ser mais espertas e tentam achar a saída dos seus problemas por caminhos inéditos, e ao percorrer esses caminhos acabam se deparando com fatos inusitados e parando para pensar um pouco sobre os que o cercam.

Aquelas pessoas trancafiadas dentro do sanatório chocam o personagem principal ao dizerem que estão ali por vontade própria, enquanto ele que apenas quer fugir. Eles buscam os cuidados de uma enfermaria, sendo obrigados a ter uma rotina, sendo domesticados para os padrões do mundo.

Cada personagem vai se mostrando durante o filme, suas fraquezas, que muitas vezes conflitam com nossos sentimentos, em suas devidas proporções, ou com pessoas que lidamos no dia a dia. Mas, que ali dentro tomam o tamanho da tela e nos abrem mais os olhos, como se um grão de areia da praia virasse um planeta dentro de nossas vistas.

O ato da fuga mostra os "loucos" comportados no ônibus, enquanto o motorista enlouquecido sabe muito bem pra onde quer ir. Quando achamos que os perturbados irão criar qualquer confusão, apenas se divertem e se sentem como pessoas naturalmente vestidas em um passeio amistoso. A parte delicada de suas vidas é mostrada na incapacidade e ao mesmo tempo briga por segurar o leme do barco. Mas claro, eles merecem pegar o peixe grande e voltam vitoriosos!

Logo mais, o arruaceiro Murphy se vê capaz de mudar aquelas pobre vidas trancafiadas em seus próprios peitos, e tal qual vai tentando, percebe que é capaz de fazer efeito no mundo ao qual estão confinados.

O medo colocou todos juntos, em uma roda, a solução dada foi isolar estas pessoas de tudo que pudessem destruir, impedindo assim que fossem corajosas com seus atos, frutos de suas vontades. Medicamentos, métodos arcaicos de tratamento, promessas de cura, tudo isso usado como forma de amedrontar, inutilizar os pacientes, para que estejam vivendo em suas próprias covas.

Cada um tinha um motivo para fugir do mundo e se auto encarcerar, aos poucos foram ganhando coragem de sair, porem, isso gera a tensão toda do filme e os meios para se justificar todo e qualquer tratamento em pro dos doentes inconseqüentes.

É como se tudo fosse nivelado por baixo, se você está dentro, é porque nao serve para vida lá fora, e se dentro de você o mundo se fechou, trataremos de mantê-lo assim para sempre.

19 fevereiro, 2008

Flexao


Se até os gatos, que mesmo gordos tem seu charme garantido com as gatas de todas as raças querem malhar os quatro braços;

Se ele foi até ali em cima pra se mostrar;

Se todo dia é uma nova chance;

Seco, sedimentado, seccionado, serrilhado, semântico, seboso, sentado, seminal, semente, sentido......em frente!!!

17 fevereiro, 2008

O olhar do animal

Ao voltar meus olhos para o animal
Percebo a forca do seu sentimento
Pois resisto, de certo modo, a encara-lo
A franqueza recebida de volta é por demais forte
Então meus pobres olhos humanos não aguentam
Me viro e penso...

O olhar do animal me faz sentir desarmado
Parece que ele já me conhece, apenas em um relance
Ele já sabe o que vou fazer, temo e me viro
Quero evitar ser mais desvelado ainda
Sem medo algum ele adentra em meu ser
Avisando que esta ali para ficar
Penso mais...

A raça humana ignorante, sempre se alimentou do animal
Numa caçaada, frente a frente, o homem foge, pois sabe que o olhar e de vitoria
Quando atira, e acerta, o homem encara a presa, pois sabe que o olhar e de morte

A raça humana inteligente, superou o animal
Criou vínculos, seja em jaulas, seja domesticando, seja servindo-se dele
Com isso, o homem se manteve próximo ao olhar do animal, se sentindo superior
Mas, temendo sempre, duvidando sempre

Homens e animais vieram da selva
Os homens criaram as cidades
Os animais sempre vão pertencer a selva
Os homens trouxeram os animais para as cidades
Alguns se adaptaram ao lares, outros as mesas apenas
Fim das caçaadas, fim de algum medo

Poucos sentimentos conhecemos dos animais
Talvez só aqueles que compartilhamos
Medo, dor, carência, fome, segurança, necessidades básicas de todo humano

Tento uma nova afronta
Sei que ambos temos, la no fundo, o instinto da selva
Sabemos analisar a hora de correr, a hora de atacar
Nessa hora o olhar é fundamental
Aquele que tiver menos certeza, corre e se esconde

Mas para minha surpresa
Senti uma mudança em nossas naturezas
A amizade que existe dentro de casa ou andando na rua
A conversa amistosa de olhares
A convivência passou a falar mais alto
O medo deu lugar a certeza de uma conversa franca

Se cada um sabe do seu lugar,
Sabemos do espaço vasto que temos pelo mundo
Que tudo pode e deve coexistir
Os olhos se abrem para o conhecimento
O medo se vai, abro meu coração para o animal
E dentro de toda minha ignorância
Tento entende-lo como meu irmão, meu amigo, meu semelhante.

Meu animal hoje pode estar em fatias,
Pode estar aos meus pés em minha casa
Surgir correndo pelas ruas
Aparecer a qualquer momento em minha memória

Mas agora resolvi encara-los com toda a coragem e franqueza
Prestei atenção nos sentidos que isso me despertou
Deixei o medo se tornar meu amigo
Prestei atenção na historia que o olhar quer me contar

Aprendi mais sobre mim do que sobre ele
Entendi mais sobre mim, mas entendo que ele também se conecta comigo
Ele sabe ler meu olhar melhor do que eu o dele
Ele adormeceu na certeza da segurança
Eu permaneci pensando em como sinto falta que ele me olhe mais e mais
A cada dia, nos meus momentos de insegurança
Nos momentos de ausência, imagino ele sozinho e vejo que temos os mesmos medos
Temos a mesma necessidade de nos cuidarmos a unhas e dentes
E a mesma carência de buscar em alguém uma ajuda para toda nossa existência momentânea.