29 fevereiro, 2008

Pra descansar os nervos

Pra descansar;
não mais forçar a mente
soltar os braços ao lado do corpo
não mais ter que lembrar do que se tem que fazer
nem mais ser um autômato do dia-a-dia.

Vontade de divagar com;
meu corpo cansado
meu intelecto rachado
minha alma inquieta
as mãos paranóicas
as pernas indecisas.

Procuro dentro de mim;
a casa que venho a morar
o lugar para restar
o dia de amanhã melhor chegar
a varanda para o mar
a paisagem se alargar.

Nesta casa terei tudo;
que preciso
que saberei usar
a vista pra nenhum lugar
causos para recordar.

O dias serão;
como eu sempre quis
como agora eu os imagino
agora eu os uso para acalmar
com ideias naturais
sem qualquer barril de polvora prestes a explodir.

22 fevereiro, 2008

Filme - Um estranho no ninho


Assista ao Trailer

Ficha Técnica

Título Original: One Flew Over the Cuckoo's Nest
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 133 min
Ano de Lançamento (EUA): 1975
Direção: Milos Forman
Roteiro: Bo Goldman e Lawrence Hauben, baseado no livro de Ken Kesey
Produção: Michael Douglas e Saul Zaentz


Elenco


Jack Nicholson (Randle Patrick McMurphy)
Louise Fletcher (Enfermeira Mildred Ratched)
William Redfield (Harding)
Michael Berryman (Ellis)
Peter Brocco (Coronel Matteson)
Dean R. Brooks (Dr. John Spivey)
Alonzo Brown (Miller)
Mwako Cumbuka (Warren)
Danny DeVito (Martini)
William Duell (Jim Sefelt)
Josip Elic (Bancini)
Christopher Lloyd (Taber)
Sydney Lassick (Charlie Cheswick)
Will Sampson (Chefe Bromden)
Scatman Crothers


Não quero contar sobre o filme, mesmo isso sendo inevitável ao discorrer sobre ele, apenas contar o que eu senti durante e após o término, ou seja, até hoje, quando fico a pensar.

Algumas pessoas desistem de ter o controle de suas vidas e se entregam aos cuidados alheios, outras querem ser mais espertas e tentam achar a saída dos seus problemas por caminhos inéditos, e ao percorrer esses caminhos acabam se deparando com fatos inusitados e parando para pensar um pouco sobre os que o cercam.

Aquelas pessoas trancafiadas dentro do sanatório chocam o personagem principal ao dizerem que estão ali por vontade própria, enquanto ele que apenas quer fugir. Eles buscam os cuidados de uma enfermaria, sendo obrigados a ter uma rotina, sendo domesticados para os padrões do mundo.

Cada personagem vai se mostrando durante o filme, suas fraquezas, que muitas vezes conflitam com nossos sentimentos, em suas devidas proporções, ou com pessoas que lidamos no dia a dia. Mas, que ali dentro tomam o tamanho da tela e nos abrem mais os olhos, como se um grão de areia da praia virasse um planeta dentro de nossas vistas.

O ato da fuga mostra os "loucos" comportados no ônibus, enquanto o motorista enlouquecido sabe muito bem pra onde quer ir. Quando achamos que os perturbados irão criar qualquer confusão, apenas se divertem e se sentem como pessoas naturalmente vestidas em um passeio amistoso. A parte delicada de suas vidas é mostrada na incapacidade e ao mesmo tempo briga por segurar o leme do barco. Mas claro, eles merecem pegar o peixe grande e voltam vitoriosos!

Logo mais, o arruaceiro Murphy se vê capaz de mudar aquelas pobre vidas trancafiadas em seus próprios peitos, e tal qual vai tentando, percebe que é capaz de fazer efeito no mundo ao qual estão confinados.

O medo colocou todos juntos, em uma roda, a solução dada foi isolar estas pessoas de tudo que pudessem destruir, impedindo assim que fossem corajosas com seus atos, frutos de suas vontades. Medicamentos, métodos arcaicos de tratamento, promessas de cura, tudo isso usado como forma de amedrontar, inutilizar os pacientes, para que estejam vivendo em suas próprias covas.

Cada um tinha um motivo para fugir do mundo e se auto encarcerar, aos poucos foram ganhando coragem de sair, porem, isso gera a tensão toda do filme e os meios para se justificar todo e qualquer tratamento em pro dos doentes inconseqüentes.

É como se tudo fosse nivelado por baixo, se você está dentro, é porque nao serve para vida lá fora, e se dentro de você o mundo se fechou, trataremos de mantê-lo assim para sempre.

19 fevereiro, 2008

Flexao


Se até os gatos, que mesmo gordos tem seu charme garantido com as gatas de todas as raças querem malhar os quatro braços;

Se ele foi até ali em cima pra se mostrar;

Se todo dia é uma nova chance;

Seco, sedimentado, seccionado, serrilhado, semântico, seboso, sentado, seminal, semente, sentido......em frente!!!

17 fevereiro, 2008

O olhar do animal

Ao voltar meus olhos para o animal
Percebo a forca do seu sentimento
Pois resisto, de certo modo, a encara-lo
A franqueza recebida de volta é por demais forte
Então meus pobres olhos humanos não aguentam
Me viro e penso...

O olhar do animal me faz sentir desarmado
Parece que ele já me conhece, apenas em um relance
Ele já sabe o que vou fazer, temo e me viro
Quero evitar ser mais desvelado ainda
Sem medo algum ele adentra em meu ser
Avisando que esta ali para ficar
Penso mais...

A raça humana ignorante, sempre se alimentou do animal
Numa caçaada, frente a frente, o homem foge, pois sabe que o olhar e de vitoria
Quando atira, e acerta, o homem encara a presa, pois sabe que o olhar e de morte

A raça humana inteligente, superou o animal
Criou vínculos, seja em jaulas, seja domesticando, seja servindo-se dele
Com isso, o homem se manteve próximo ao olhar do animal, se sentindo superior
Mas, temendo sempre, duvidando sempre

Homens e animais vieram da selva
Os homens criaram as cidades
Os animais sempre vão pertencer a selva
Os homens trouxeram os animais para as cidades
Alguns se adaptaram ao lares, outros as mesas apenas
Fim das caçaadas, fim de algum medo

Poucos sentimentos conhecemos dos animais
Talvez só aqueles que compartilhamos
Medo, dor, carência, fome, segurança, necessidades básicas de todo humano

Tento uma nova afronta
Sei que ambos temos, la no fundo, o instinto da selva
Sabemos analisar a hora de correr, a hora de atacar
Nessa hora o olhar é fundamental
Aquele que tiver menos certeza, corre e se esconde

Mas para minha surpresa
Senti uma mudança em nossas naturezas
A amizade que existe dentro de casa ou andando na rua
A conversa amistosa de olhares
A convivência passou a falar mais alto
O medo deu lugar a certeza de uma conversa franca

Se cada um sabe do seu lugar,
Sabemos do espaço vasto que temos pelo mundo
Que tudo pode e deve coexistir
Os olhos se abrem para o conhecimento
O medo se vai, abro meu coração para o animal
E dentro de toda minha ignorância
Tento entende-lo como meu irmão, meu amigo, meu semelhante.

Meu animal hoje pode estar em fatias,
Pode estar aos meus pés em minha casa
Surgir correndo pelas ruas
Aparecer a qualquer momento em minha memória

Mas agora resolvi encara-los com toda a coragem e franqueza
Prestei atenção nos sentidos que isso me despertou
Deixei o medo se tornar meu amigo
Prestei atenção na historia que o olhar quer me contar

Aprendi mais sobre mim do que sobre ele
Entendi mais sobre mim, mas entendo que ele também se conecta comigo
Ele sabe ler meu olhar melhor do que eu o dele
Ele adormeceu na certeza da segurança
Eu permaneci pensando em como sinto falta que ele me olhe mais e mais
A cada dia, nos meus momentos de insegurança
Nos momentos de ausência, imagino ele sozinho e vejo que temos os mesmos medos
Temos a mesma necessidade de nos cuidarmos a unhas e dentes
E a mesma carência de buscar em alguém uma ajuda para toda nossa existência momentânea.