17 novembro, 2009

Afogando em números

Empresto este título de um filme, que nunca ví
E da letra de uma música, que sempre ouço

Mas ele vem bem a calhar em épocas onde tudo é calculado,
E recalculado todos os dias, para melhorar, para conferir, para cansar!

Seu saldo, suas horas, seus dias, seus minutos?
Afinal, quais deles são realmente seus?

Calculo meu novo número de roupa, calculo a distância dos carros para não batermos.
Calculo o kilo da comida que vou ingerir e no final o preço que irei pagar.
Calculo meu tempo de sono, pois o necessário é apenas secundário!

Agora mesmo estou usando meu tempo,
Mas estou no trabalho e me questiono, esse tempo é meu?

Vou perder 5 min indo tomar café, perder?
Vou ganhar 10 minutos se eu correr mais com o carro para chegar mais cedo...e ganhar?

No final do mês o salário subiu?
A pressão aumentou?
Poderei suprir minha dispensa com novas despesas?
Gastei muito no bar, vou reduzir meus almoços e jantares.
Aquele prédio foi construído em frente a minha janela, mas há tempo eu moro aqui?

Só um pouquinho mais e vou conseguir sair dessa, sair pra onde?
Cansado de cálculos matemáticos, para tentar deixar a vida mais precisa,
Cálculos que sempre deram errado, pois não batiam com o mundo,
E a vida precisa? Do que ela realmente precisa? Que eu siga meu coração!

A vontade latente é a vida, equilíbrio de estar sintonizado com meu EU;
O estouro interno gera uma saída, mas em frangalhos me perderei recolhendo os pedaços;

Eu duvidei de mim mesmo, me afoguei em números, fiz diversos cáculos que pareciam precisos, todos deram errado. O fôlego acabou, e estou pondo a cabeça para fora da lagoa numérica, como um jacaré vou boiando, junto a superfície e com apenas os olhos para fora emito alguns sons de pássaro para sentir o retorno. Onde estaria eu? Perdido no mar? Quimera!

Darei uma volta silencioso, invisível sei ser, soltarei sons para sentir como eles voltam, soltarei a alma para ver como ela trabalha fora da escravidão, enviarei pensamentos para que eles voltem com algo palpável ao corpo e então, assistirei a morte definitiva do tédio!

Um comentário:

Bianca Bibiano disse...

sim, você escreve bem mesmo! prometo que quando achar ruim, serei sincera =]