28 março, 2009

Dois trutas

Dois peixes, duas trutas
Jovens cidadãos do rio Piracuama
Jovens nadadores da cidade de Pindamonhangaba

Cresceram assim, juntos, escama por escama
Viram nascer e cair de seus corpos
Guelras abrindo e fechando
Pelas correntezas se esgueirando

Esses trutas, colegas de rio, irmãos de ovas
Amadureceram no rio de suas vidas
Um deles sempre sonhando em pegar uma grande minhoca
Que lhe levaria para a vida no mundo exterior

Essa vida era sonhada, mas ninguem nunca voltou para contar como era
O outro, ponderado, sonhava em crescer no rio da vida
No rio sem fim, onde ele poderia ver suas ovas filhas espalhadas
E seus trutinhas virando parte do cardume querido

O truta mais aventurado corria muito mais atras das minhocas
Estas que lhe apareciam mergulhadas em uma nave prateada
O outro não desejava tanto glamour e se contentava com o alimento que o rio lhe provia naturalmente

Certo dia viu seu irmão sendo içado para fora d´agua e sorriu
Sentiu certa dor no peito, mas sabendo que ele realizara um sonho
O rio da vida, infinito para os peixes, continuou seu fluxo
E os cardumes de trutas continuaram a viver, escama com escama

Nosso irmão aventureiro foi parar no prato de outro aventureiro
Que pelas margens do rio passava, e pescava seu alimento
As ilusões da truta aventureira acabavam alí mesmo
Mas o que ela viu, lhe serviu de bem maior, lhe abriu os olhos
Uma nova vida lhe aguardava, e talvez, em um novo corpo
Dentro de um humano faminto!!!

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