Dois trutas

Dois peixes, duas trutas
Jovens cidadãos do rio Piracuama
Jovens nadadores da cidade de Pindamonhangaba

Cresceram assim, juntos, escama por escama
Viram nascer e cair de seus corpos
Guelras abrindo e fechando
Pelas correntezas se esgueirando

Esses trutas, colegas de rio, irmãos de ovas
Amadureceram no rio de suas vidas
Um deles sempre sonhando em pegar uma grande minhoca
Que lhe levaria para a vida no mundo exterior

Essa vida era sonhada, mas ninguem nunca voltou para contar como era
O outro, ponderado, sonhava em crescer no rio da vida
No rio sem fim, onde ele poderia ver suas ovas filhas espalhadas
E seus trutinhas virando parte do cardume querido

O truta mais aventurado corria muito mais atras das minhocas
Estas que lhe apareciam mergulhadas em uma nave prateada
O outro não desejava tanto glamour e se contentava com o alimento que o rio lhe provia naturalmente

Certo dia viu seu irmão sendo içado para fora d´agua e sorriu
Sentiu certa dor no peito, mas sabendo que ele realizara um sonho
O rio da vida, infinito para os peixes, continuou seu fluxo
E os cardumes de trutas continuaram a viver, escama com escama

Nosso irmão aventureiro foi parar no prato de outro aventureiro
Que pelas margens do rio passava, e pescava seu alimento
As ilusões da truta aventureira acabavam alí mesmo
Mas o que ela viu, lhe serviu de bem maior, lhe abriu os olhos
Uma nova vida lhe aguardava, e talvez, em um novo corpo
Dentro de um humano faminto!!!

Vagas e Verdades

Novas ondas invadem a atmosfera
Lavam as mentiras
Resgatam as verdades, adormecidas
Reduzidas a simples detalhes na paisagem

Em um pequeno espaço de tempo
Onde flutuam idéias e pensamentos
A lembrança da verdade esclarece
Aqueles que tem a vontade de enxergar

O sangue esquenta, o corpo reanima
Voltamos os olhos para o futuro
E nos revoltamos com o presente

Aquilo que ninguém pode nos dar
Chama-se presente
E é algo que nós devemos entregar
Nós devemos nos entregar a ele

Sigamos, e não bastamos...

Emagrecendo na cidade grande

Um dia no ônibus
Uma sauna fiz

Todo dia caminhando para o almoço
Tomei meu bronzeado

Ansioso pelas respostas e resultados
Amargo gosto na boca, vindo do estômago

Vacilante pelas avenidas
Vitorioso de meu destino

Confiante nas minhas pernas
Caminho com passos firmes

Sabendo que tenho minhas forças ao meu lado
Sabendo que firme chegarei ao destino

Que não necessito de armaduras
Que aqui estou eu todo santo dia

Avenida

A vida parece uma avenida
Da lua nao avisto minha rua
Mas a vida continua sendo uma avenida

Larga e sinuosa
Com muitas transições desastrosas

O trânsito flui como uma corrente
Suas ações parecem recorrentes
O fluxo indica o caminho
Principalmente se você ainda é menino

Prossiga e não desiste
Encontre a porta de casa
E se case

Canse para dormir
Dormindo descanse
Acorde para suar
Sua para não engordar

Desprenda-se de tudo
Onde tudo significa nada
Nada é importante
Se tudo parece significar algo

Algo é presente
Seu amor vivente
Seu lar inerente
Suas crias docemente
Te envolvem e então estou valendo ouro

Suando e Sonhando

As vezes é estranho imaginar, mas nosso corpo funciona muito bem enquanto dormimos, ele até impede que façamos besteiras tão comuns no dia a dia!!!

Estes dias de calor me deixam tão cansado que eu me recuso até mesmo a dormir, e meu corpo entra num embate, deitado na cama não sabe se aceita ou repele o sono.

Mas uma vez entrando no REM tenho sonhos, e o corpo vivo continua suando e se revirando mais que o normal, da nuca começa a vazar água, meu travesseiro fica enxarcado e minhas costas mais do úmidas coladas ao colchão.

Meu cérebro não distingue o que é real e o que é sonho, se este suor vem realmente do calor da noite dormida de janela aberta ou do agitação dos sonhos de verão.

Meus vizinhos fazem a trilha sonora que meus ouvidos rejeitam, mas ao dormir meus sonhos aceitam.

Deve ser por estas e outras que eu sonhos aquilo que nunca imaginei sonhar.

Ao acordar me recordo de algo, algumas idéias mirabolantes surgem, mas o dia-a-dia insiste em apagar.