22 junho, 2008

bestas do mundo contemporaneo

Estava eu matutando sobre trabalhar em casa ou ser obrigado a deixar o lar todo "santo" dia pela manhã. Para muitas pessoas pode parecer óbvio que o trabalho no lar seria uma recompensa avassaladora pro resto de suas vidas.

Mas eu já experimentei e posso dizer, não é bem assim e tudo depende meu filho, depende de nós, de como somos e como seremos.

Claro que ao sair de manhã nos deparamos com o tempo. Sol demais? Frio demais? Chuva na cabeça, pés ensopados ao longo do dia? E no transporte coletivo? A que maravilha de contato humano somos obrigados a exercitar.

Mas eis que surge a palavra mágica que me fez escolher sabiamente entre sair ou ficar.

EXERCITAR!!!!

Afinal tudo na vida melhora com exercícios, nossas contas matemágicas, nossos músculos que ao poucos insistem em definhar, nossas mentes maravilhosas que não podem parar de criar.

O simples fato de ter que sair do lar pela manhã e só retornar de noite nos faz exercitar e lutar, enfrentamos as mais terriveis bestas hostis do mundo:

  • Aqueles que te encaram feio, loucos, dementes, que te acham estranho sem saber o quanto são bizarros.
  • Aqueles que querem passar através de ti, que se acham donos de todo o espaço do mundo que os cerca, mais ou menos uns 10km de diametro ao redor.
  • Aqueles seus colegas do dia a dia que insistem por um bom dia generoso de sua parte ao chegar de manhã no ambiente de trabalho com a cara inchada de sono. Sinto as rugas me segurando as bochechas.
  • Aqueles que querem falar durante todo o almoço do seu lado equanto sua fome desespera seu cérebro.
  • Aqueles chefes malucos que surtam com 10 min de atraso.
  • Aqueles todos do mundo todo que estão por aqui e alí um passo atras ou outro a frente de ti.
Bom, tudo isso me faz exercitar e pensar na vida sim. Dentro de casa eu estava a salvo e apenas ignorava a presença de outros seres deste belo planeta. Agora nas ruas eu vivo, e tenho que sobreviver com a ausencia da malandragem que me foi concebida. Ou seja, exercicios, se uma pessoa é assim e eu sou assado, então como fazer uma boa mistura e conseguir um bom caldo?

Eu preciso delas, inevitavel certeza, elas vão precisar de mim, uma hora ou outra, outra certeza sem escapatória.

Cada um no seu passo, e eu vou pulando pra lá e pra cá buscando dentre muitas teorias e lógicas meu espaço, aquele lugar que a maioria nao enxergou ainda. Lembrando que sempre fui generoso demais quando eu via o brilho do diamante, mas deixava o outro tomar a frente para pega-lo e ser glorificado, minha audaz insegurança.

Lembrando também William Blake: "O ignorante não a mesma arvore que o sábio."

Sentado no lar eu poderia crescer no meu mundo, o que me faria bem de certo modo, mas inoperante diante a realidade gigantesca de tudo, e mesmo assim eu seria apenas delirio e medo de sair por aí. Tudo bem que o google vem aperfeiçoando cada vez mais suas ferramentas de vouyerismos virtuais.

Mas nada se compara em sentir na pele o sol, sentir os pelos molhados de suor irem secando, o cabelo molhado pela chuva repentina, ou o "suave" toque dos ombros "amigos" pelas calçadas.

Tem muita poesia pelas ruas, ainda mais se voce souber colocar a trilha sonora perfeita nos ouvidos e tapar um bocado da poluicao sonora que nos perturba.

Eu sei que a vida fora de casa é impiedosa, se escolhemo ir, temos que comparecer todos os dias, dar mais de nós do que iremos receber como salário, implorar por um pouco de tempo para resolvermos nossas vida fora deste horario que cedemos aos outros.

Tudo poderia ser harmonizado, mas ainda não achamos o ponto de equilibrio ou de fuga ou de ebulição que nos fará mudar repentinamente em nossas crueis rotinas.

07 junho, 2008

vasculhando cantos

Acordei sonhando, continuei no sonho, mas agora pensando, não foi a mesma coisa, o que era natural, macio, como mergulhar as mãos em aguá corrente virou sólido demais e o meu cérebro parou de funcionar com naturalidade, abri os olhos e com aquela baita preguiça resolvi não me esforçar mais. Resolvi encarar o dia nascente, sol la fora e agora outra luta, sair ou não sair?

Do mesmo jeito que sair do sonho foi um baque, sair de casa também poderia ser, pois teria de lidar com as pessoas reais. No meu sonho eu fazia tudo com clareza, realizava, porem nada era real, tentei trazer isto para meus pensamentos ao acordar, quase impossível, preferi guardar dentro de mim a certeza de que sou capaz, porem resolvendo tudo com muito mais afinco do que o necessário enquanto na fase sonho.

Mas sair de casa? será que vou encarar? O sol está convidativo, o clima frio(para o brasil) com este sol que agrada os ossos é algo que me faz querer tomar um banho e secar a pele lá fora no vento. Caminhar sob o minhocão e suas lojas baratas, sebos, moveis antigos, me faz querer trazer algo para dentro de casa e observar.

Ouço umas musicas que normalmente não ouviria para me sentir mais próximo de certos tipos estranhos que digamos, lembro mais deles em filme do que das ruas da minha cidade.

Bom, a fome por comida me obriga a ingerir algo, ela pode me aquietar, mas espero sair, me levantar, mover músculos e mentes, para que, quem sabe, eu exercite me o suficiente para voltar a sonhar bem todas as noites e acordar bem ao lado de quem eu já tenho, e bem quero todos os dias.