14 março, 2008

Uma página do diário de IAN MACKAYE

Hoje vou sair com meus amigos do Metallica...to indo pro texas beber cerveja importada com o Lars e os caras! Como tenho inveja deles por terem acabado com o napster, queria poder estar neste processo, meu negocio eh grana. Boa chance de usar meu carro novo, e meus sapatos italianos de couro de bezerro.

Paciência que adotei esta estratégia de não ser vendido pelas majors. Só que ninguem sabe que eu distribuo cds da dischord para a sony e warner colocarem nas lojas a preços estratosféricos, claro que elas me repassam mta grana, afinal o mercado cult, cool, alternativo é tão grande quanto das bandas que frequentam a billboard.

Aposto que eles estão lá me esperando de X na mão...heheh... iremos usar o abatedouro do Hetfield, pois vamos derubar umas vitelas e assa-las em sua mega churrasqueira. To afim de falar com o Trujillo, esse cara sabe das coisa e nao pestanejou qdo recebeu o convite para
tocar no Metallica, porque vocês sabem, grana é indispensável!

Me da um baita alivio quando desço para o porão da Dischord, tiro a roupa de indie sujo que não se vende e relaxo na minha hidro-massagem. Logo depois disso pego meu carro bebedor alucinado de combustíveis (como eu mesmo sou) e parto em busca de novas emoções.

05 março, 2008

a grande, a melhor e a unica invenção

Crianças nunca aceitam a hora de dormir, nunca querem ir pra cama, parece ser o fim do mundo, ir dormir, a alegria do dia não pode acabar, o que será que amanhã está a me reservar?

Ah, que árdua tarefa devem ser por um, que dizer de mais de um ou muitos de tantos em suas camas, dizer para eles que a vida continua amanhã, que tudo pode ser recomeçado e que as idéias não podem se apagar. Mas acho que se apagam, as crianças crescem rápido, mudam seu modo de ser, mudam o foco do pensamento a cada dia. Um ano era praticamente uma vida quanto eu tinha pouca idade, sempre recordava do meu janeiro passado, e pensava comigo mesmo, quão tolo havia sido, esse ano sou outra pessoa, outro homem!

Depois de comer, de estar limpo para deitar, o pai caça a criança e tem que lhe convencer que a hora é agora, vamos deitar, isso, vamos deitar, mesmo que sirva só para o rebento essa frase, ela é entoada no plural.

Imagine as cobertas subindo até seu pescoço, a cama um tanto inclinada para fora, devido ao peso do adulto ali sentado junto, te olhando de cima, e talvez uma risada surja de seu rosto, você quer algo dele, ele sabe que não será fácil se desvencilhar desta vez, tanto como foi das outras, o dia todo quebrando a cabeça e agora é hora de convencer o filho a dormir, alimentar o garoto com alguma idéia, com algo que ele possa ocupar o pensamento até dormir, aquilo que vai cansar sua mente e leva-lo ao mundo dos sonhos.

Mas o progenitor resiste, na cabeça da criança aparece rejeição escrito, dito, falado, mas talvez o adulto esteja apenas travado ou focado em outro assunto pra ele mais importante que uma noite de sono.

Eu lembro do meu pai me pondo para dormir, era raro ele vir fazer isso, mas talvez por isso mesmo fosse especial para mim, e claro, eu sentia muita coisa neste momento, que só hoje em dia sou capaz de entender, na época eu só sentia, sentia, e queria ele por perto.

Lembro como se fosse hoje, ele vindo e falando sua tradicional fala: "Era uma vez, um macaco chinês...". Eu pedia uma história e já sabia que iria começar assim, e começava e nunca continuava, bem quase nunca. Na verdade, ele foi além uma única vez se bem me lembro.

Claro que não vou lembrar o causo todo que ele na hora inventou pra me contar ali, beirando minha cama, protegendo o meu ser que na época era mais reduzido que hoje em dia, heheheeh.

Mas foi brilhante, eu adorei cada palavra dita, tudo que ele falava fazia sentido para mim, poderia ficar horas e horas ouvindo aquilo, poderia até ser repetitivo, mas a voz dele me deixava bem naquele momento de transmissão.

O que eu questiono hoje em dia não é o quanto ele gostava de mim, mas o porque de muitas vezes estar distante e não se deixar levar, não falar tudo que tinha dentro dele. Eu tenho certeza que todo o peso que eu via ele carregar era por causa da família, para ele o foco era preciso, criar um ambiente seguro e estável.

Mas o que faltou mesmo, foi conversa, foi trocar de lugar, foi algum elogio das coisas simples que eu estava tentando construir, alguma direção e empurrão para o lado certo ou mesmo pro lado que eu estava pendendo, mesmo que eu fosse descobrir que estava errado logo mais.

Porque ele se guardou tanto da gente? Tantas coisas que ele sabia e eu não soube, seria timidez? Provavelmente, sendo que herdei isso, e só pode ter sido dele mesmo. Seria apenas cansaço do dia a dia duro que ele enfrentava? Juntemos essas 2 coisas, e muitas outras mais que cada um pode me dar...

Hoje eu lido comigo mesmo, penso por que não tentar, quero mostrar aquilo que tenho e sou, quero me aliar para brincar mais, tenho consciência, e me divirto.

Ainda sou filho, filho do mundo, de mim mesmo, já que não tenho mais meu pai desde os 17 anos. Me ponho em seu lugar, crio a idéia de como irei criar meu filho, e a resposta que me dou já foi escrita acima, com diversão e consciência, com criatividade, usando toda a energia da criança para manter meu lado mais precioso desenvolvido, minha mente, sempre em frente, criando as historias que vão embalar o sono do meu rebento e ao mesmo tempo, junto com seus olhos se fechando, e eu me embalando no nosso ambiente seguro que criamos unidos sob o mesmo teto que se estende pra fora de casa, onde quer que estejamos caminho, vou a pensar, no meu pai, no meu filho, sou eu, pai e filho, sempre.