Assim como uma semente, carinhosamente plantada em um vaso, sob terra fecunda, vai brotando e segue se erguendo para o céu, eu assim, vejo o dia de minha morte. Me enterrem e logo eu nasço, nascerei para uma nova vida, talvez não tão nova no sentido de ser inédita, mas sempre renovada.
Oras, ninguem nunca viu brotar humano da terra, mas vos digo que os olhos mentem, os olhos muitas vezes escondem a inteligencia da alma. Sim, pois um sentido tão limitado quanto a visão humana só poderia servir de casulo pros olhos da alma.
Não peço que ninguem mutile seus olhos, muito menos acho abençoado aquele que cego nasceu, mas peço um pouco mais por aqueles que enchergam apenas aquilo que querem ver diante de seus olhos.
A visão como sentido nos mostra o mundo, são tantas belezas e tantas cores que podemos admirar, mas existem mais e mais, que estes esféricos amigos ainda não podem ver. O horizonte é tão próximo, comparado ao perímetro da Terra. Porque insistimos em achar que sabemos tanto com os olhos se nem ao menos vimos tudo aqui em nosso planeta?
Quantas vezes vemos algo que na hora faz todo o sentido, mas a imagem captada pelos olhos logo depois é gravada na mente e se torna distorcida? E depois entra a razão em jogo, desprezando todas as outras sensações vivas, transformando tudo em preto e branco, com algumas escalas de cinza.
Eu amo o impossível, porque ele sempre me parece possível, existem muitos caminhos para se chegar num resultado, em uma conclusão, mas o quão conclusiva ela pode ser? Qual a extensão do universo? Porque algo que parece imutável pode assumir novas formas, e ter outros nomes?
Até mesmo a dor pode virar um combustível forte, que no final das contas trouxe amor. Até mesmo uma mãe, aquela que deveria ser toda a proteção pra seus filhos pode ser na verdade a assassina, por algum motivo da natureza ou por demência incontrolável.
Todo ser humano que estiver contigo, vivendo a vida é capaz de lhe oferecer coisas boas e ruins, ninguém está livre desta sentença. Temos que saber extrair o veneno e cuspir. Já as coisas que nos fazem bem, respiramos fundo e as guardamos no peito para sempre. E não vai sem os olhos que iremos identificar tudo isso durante nossos percursos, os olhos vão se abrir no final do trajeto, quando estivermos sobre a montanha analisando quais caminhos tomamos e porque demos tantas voltas para encontrar algo que sempre esteve dentro de nós esperando. De que valem nossos olhos voltados para fora apenas, de valem estes olhos na escuridão do interior de nosso intocável âmago?
09 fevereiro, 2010
Os sentidos se confundem, mas quase nunca se fundem
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